Palácio Barrocal

Palácio dos Condes de Murça ou dos Melos, atualmente designado «Barrocal»

Solar urbano de raiz renascentista, iniciado em 1542 pelo fidalgo da Casa Real D. Rui de Melo, a sua construção foi concluída em finais do séc. XVI, pelo neto do fundador, D. António de Melo. 
De acordo com Gabriel Pereira, «Por alvará de 9 de julho de 1557 se fez mercê a D. Jorge de Melo (possuidor da casa apalaçada agora residência da família Rosado, de que havendo-se de correr touros na praça de Évora o tapigo que se fizesse na rua de Alconchel se fizesse em parte que não tirasse a vista das suas janelas para delas se poderem ver correr os ditos touros.» («A egreja de Santo Antão». Estudos eborenses, 1887: 13-14). 
Anos mais tarde, Túlio Espanca, estudioso das antiguidades de Évora, acrescenta: «A D. Jorge de Melo e a seu filho D. António de Melo se deve, em conclusão, o remate da obra, a qual, segundo escritura lavrada em 1590, com o Senado, se delimitou entre a esquina da rua dos Caldeireiros e o Terreiro da nova Colegiada de Santo Antão, lugar onde se armavam as tribunas dos inquisidores do Santo Ofício.
Neste pavilhão do palácio, em passadiço sobre o chafariz público guardava-se interessante e original coleção de retratos dos condenados em Autos da Fé, que se perdeu por destruição intencional, depois de 1730.» (Inventário artístico de Portugal: concelho de Évora. Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1966, 1: 253).
A partir de 1894, já na posse José Rosado de Carvalho, conhecido proprietário do Monte do Barrocal, o edifício sofreu profundas remodelações, que lhe retiraram as características distintivas originais, ou seja, «[…] perdeu em absoluto, a silhueta clássica, substituída pelo arranjo monótono e descaracterizado atual, de rasgadas janelas de sacada com guarnições de massa e balcões de ferro fundido.» (ibid., 1: 252-53).

 

Adquirido o edifício pelo Estado em 1948 a Alberto Leger Rosado de Carvalho, para aí ser instalada a Delegação Regional da FNAT para Évora, as obras de remodelação tiveram início logo no ano seguinte, ficando concluídas no início da década de 1950.
A primeira Delegação da FNAT em Évora, inaugurada em 29/11/1942, foi instalada num edifício localizado uns metros abaixo das atuais instalações, no n.º 44, onde se manteve até ao início da década de 1950.
O Palácio da Condessa da Costa, como era conhecido, encontrava-se arrendado, em partes iguais, pelo Sindicato dos Empregados de Escritório e Caixeiros do Distrito de Évora e pelo Grupo Desportivo da Casa Arquimínio Caeiro, permitindo os seus arrendatários e consentiu-o o senhorio, que aí fossem instalados todos os Sindicatos Nacionais com sede nesta Cidade e a Delegação da FNAT.
A cada Sindicato foi atribuído o número de dependência necessária para o funcionamento dos respetivos serviços, tendo o primeiro andar e o rés-do-chão ficado à guarda da FNAT, sem quaisquer encargos de renda.

Fotografias:

Arquivo Fotográfico da CME | DFT7231

Arquivo Fotográfico da CME | DFT7229

Fotografia: aspeto do edifício que albergou a Delegação da FNAT para Évora, Rua Serpa Pinto, n.º 44, 1942. 1.º de maio: jornal de todos os trabalhadores, 84 (5/12/1942): [1].

Entretanto, devido às exigências decorrentes do aumento das atividades desenvolvidas pela FNAT naquela cidade e do crescimento exponencial do número de beneficiários, tornava-se necessário expandir as suas instalações, ponderando-se a edificação de um estádio desportivo de raiz, onde ficariam, também, alojados os serviços administrativos da Delegação.
No entanto, apesar de ter sido, mesmo, apresentado um anteprojeto em 1946 – atualmente preservado no Arquivo Histórico da Fundação INATEL (AHI CX027EV – EVRB5 – PO001) –, a empreitada não chegou a ser concretizada, possivelmente por se tratar de um empreendimento demasiado ambicioso financeiramente. Alternativamente, optou-se por adquirir um edifício nas proximidades, entretanto colocado à venda.
No número de abril de 1948, o boletim oficial da FNAT, noticiava: «Está solucionado o problema da sede da delegação da FNAT em Évora. Para isso a FNAT adquiriu o Palácio Barrocal, edifício que dispõe de magníficas instalações para todos os serviços da delegação.
O custo desta propriedade foi de 3000 contos (correspondente a cerca de 15 000 €), refere, ainda, o boletim, que iria proceder-se à adaptação do edifício para aí receber um salão de conferências, serões e festas, um ginásio, espaços para o funcionamento de aulas de desporto e de música, etc. Admitia-se, ainda, a possibilidade de ser instalado um refeitório para trabalhadores, o que veio a suceder (Alegria no trabalho, 40 (abr. 1948): 82-83).
Assim, em 21 de dezembro de 1948, ultimadas as necessárias negociações com Alberto Leger Rosado de Carvalho, proprietário do edifício sito na Rua Serpa Pinto, n.º 6, designado Palácio Barrocal, realizou-se em Évora, a escritura da sua aquisição por parte da FNAT – representada nesse ato pelo seu Presidente, Higino de Queirós, acompanhado por Bento Caldas, Manuel Gonçalves Ferreira, Cutileiro Ferreira e Alberto Carvalheira, da Direção da Delegação.