“O Manuel Cargaleiro é a pessoa mais incapaz de maldade que conheço. Os seus olhos estão focados para o que há de bom nos outros e na vida. A sua visão do mundo é luminosa.

A perversidade pode passar ao lado, engalanada; as suas cores não estão naquela paleta rigorosa. Por isso, cada obra que lhe sai das mãos é para sempre imune ao embaciamento, ou à fratura.

Tem a preciosidade e a presença de uma jóia, de um esmalte antiquíssimo ou de uma matéria de súbito inventada. Como uma jóia irradia luz, de dentro.

A sabedoria técnica, a inteligência e experiência que a obra revela são parte de um gesto que continua irreprimível, um gesto de Alegria Original.

Estou convicto de que daqui a muitos anos, quando já não o pudermos anotar, muita coisa hoje celebrada estará coberta de pó, irrelevante ou materialmente destruída pelo tempo. Não uma obra do Manuel Cargaleiro.”

Álvaro Siza Vieira, Porto, 1997

O Bordado de Castelo Branco tem características que o tornam único e distinto entre os bordados portugueses: motivos com uma estética e uma gramática visual própria; a intensidade das cores e a luz, conferida pelos fios de seda bordados sobre linho artesanal cru; os desenhos/motivos com uma simbologia própria que convidam o observador à descoberta, como a árvore da vida, pássaros, cravos, rosas, lírios, romãs, corações –  todos com um perfil claramente exótico.

Estas características do Bordado de Castelo Branco foram transpostos para o urbanismo, sendo admiráveis nas calçadas e nas fachadas de edifícios, tornando-se um dos ícones da cidade.

As Colchas de Castelo Branco são peças únicas, belíssimas pela originalidade da sua expressão artística e ainda hoje se produzem, envolvendo um trabalho moroso e complexo.

O Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco propõe-se assumir um papel fulcral na preservação e revalorização do Bordado de Castelo Branco, ex-libris da cidade e símbolo maior da nossa identidade coletiva.

O Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco, classificado como Monumento Nacional, é um dos mais originais exemplares do Barroco em Portugal. Jardim de recreio e reflexão, é dedicado a São João Baptista, cuja estátua ocupa um lugar central na parede fundeira do patim principal.

Foi o Bispo da Guarda, D. João de Mendonça (1711-1736), que encomendou e provavelmente orientou as obras do Jardim, e mais tarde, já no fim do séc. XVIII, será o segundo bispo da Diocese de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha, a implementar obras de algum relevo.

Na sequência da implantação da República, em 1911, o Jardim passa a ser gerido pela autarquia, primeiro por arrendamento, e em 1919, com a compra que lhe confere titularidade definitiva sobre a propriedade.

Em termos formais, o jardim divide-se em quatro sítios diferentes, ligados por diversos pontos de articulação: a entrada, o patamar do buxo, o jardim alagado e o plano superior.