Uma caminhada pela zona histórica da cidade da Covilhã revela, a cada passo, o engenho e o talento de artistas consagrados da street art, do grafitti, da ilustração, da fotografia, que usam as paredes das casas como telas gigantes, dando nova vida às ruas, imprimindo-lhes cor e criatividade.

De facto, a Covilhã possui um assinalável conjunto de intervenções artísticas que dão uma nova aparência estética aos locais e despertam o interesse pela cultura e arte contemporânea, o que a transforma num verdadeiro museu ao ar livre, onde se presta culto ao passado glorioso dos lanifícios.

Associada a todas estas intervenções no espaço público da cidade, e também a um vasto projeto de valorização turístico-patrimonial, está a assinatura do reconhecido e pioneiro Wool – Festival de Arte Urbana da Covilhã, que que tem vindo a recontar a história da Covilhã através da linguagem dos grafitti de artistas nacionais e internacionais.

Não se sabe ao certo qual a inspiração, se o clima particular da Serra da Estrela, se a conotação histórica com a indústria dos lanifícios, o quotidiano tranquilo da cidade universitária, o exuberante cenário de belezas naturais ou o somatória de todos estes fatores, mas a Covilhã mostra-se sempre inquieta e aberta à arte urbana e aos notáveis trabalhos que revestem as suas paredes e que vale a pena descobrir.

O Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior foi instituído em 1989 com a finalidade de salvaguardar a área das tinturarias da Real Fábrica de Panos, uma manufatura de Estado fundada pelo Marquês de Pombal em 1764.

Sempre com o lema “os fios do passado a tecer o futuro”, este museu tem por missão a conservação ativa do património industrial têxtil e a investigação e divulgação das tecnologias associadas ao processo de industrialização dos lanifícios no território da Beira Interior, que tem por matriz a Serra da Estrela, e por centro histórico, a Covilhã.

Através da singularidade, autenticidade e exemplaridade dos testemunhos preservados no Museu de Lanifícios, é possível conhecer melhor uma das mais antigas indústrias, que começou por se afirmar como um puro ato de sobrevivência da espécie humana e foi assumindo, ao longo dos tempos, uma crescente qualidade e expressão técnico-artística, acompanhado o desenvolvimento das nossas sociedades até ao presente.

O New Hand Lab é um espaço que promove a criatividade, a inovação e o empreendedorismo através da concretização de ideias, produtos e iniciativas. Pretende assumir-se como um espaço de promoção e divulgação dos recursos endógenos mais criativos e impulsionar a Covilhã e a Beira Interior no país e no mundo.

A fábrica António Estrela, erigida sobre uma fábrica do século XVII, receberá em 1904  um galardão que reconhecerá além fronteiras, na Exposição Universal em St. Luiz, EUA. A partir desta data, a fábrica merecerá outras premiações, de que se destaca, mais recentemente, a “Brillant Pen 1976” atribuída a Júlio Afonso pela Men’s Fashion Writers International, que evidenciava um traço profissional de domínio das matérias-primas associado à criatividade reconhecida pelo mercado e pelos seus pares.

A família de Júlio Afonso intensificou o seu interesse pelos costumes locais e pelos seus talentosos artífices, consubstanciando-se no apoio concreto e na homenagem ao seu fundador. A tentativa constante de dar lugar à criatividade livre e espontânea de todos os que trabalham no projeto conjunto, fez surgir o Hand Lab, designado New, dado que se trata de um novo espaço, agora publicamente exposto a 100% lã, onde se presta tributo à obra de Júlio Afonso e se consagram pontos de sustentabilidade de tecnologia criativa e apaixonada.